Os Desafios de ser Disléxico no Ambiente Escolar

Os Desafios de ser Disléxico no Ambiente Escolar

“Qual é a atividade que você menos gosta de fazer e tem consciência de que seu desempenho não é e nem será satisfatório? Já pensou em ficar cerca de 5 horas por dia tendo de fazer essa atividade sabendo que o resultado não será o desejado, apesar do esforço que você fez? E  pior ainda, saber que você estará sob o olhar de julgamentos de valor  (na maioria das vezes, de forma negativa)  de  quase todos os que convivem com você?”. Com  esses questionamentos, a psicopedagoga Luciana Brites, em uma de suas palestras, nos leva à reflexão de como é ser disléxico no ambiente escolar,  através de uma analogia de fácil compreensão.

Adaptações Necessárias para o Disléxico no Ambiente Escolar

De fato,  é assim mesmo que um aluno com dislexia  se sente, caso não haja as adaptações adequadas no contexto escolar no qual está inserido! Os relatos dos pacientes que chegam às terapias são de sujeitos que não acreditam mais em seu potencial. Entendo perfeitamente essa postura, afinal,  uma explicação compreensível:  as habilidades nas quais apresentam mais dificuldades, ou seja, a leitura e a escrita, estão presentes em quase todas as suas atividades diárias.   Dessa forma, a escola passa a ser  um ambiente aversivo para eles, pois é um local gerador de doses elevadas de estresse. Frustrante, não é mesmo? Segundo dados de 2017 da ABD (Associação Brasileira de Dislexia ), aproximadamente 5 a 17% da população mundial e cerca de 10 a 15% da população brasileira, apresentam o transtorno da Dislexia e desse total, muitos são estudantes e vivenciam essa realidade.

Lidam o tempo todo com a frustração, o insucesso, a insegurança e como consequência, com a baixa autoestima, a ansiedade, a depressão, o trauma e tantos outros prejuízos emocionais. São taxados de preguiçosos, lerdos, burros e outros predicativos por colegas,  professores e até mesmo familiares devido à falta de informação sobre o transtorno. Muitas vezes, tentam buscar motivação para não desistir e encontrar outras formas de avançarem em seus estudos. Infelizmente, nem todos conseguem e acabam abrindo mão de sua vida acadêmica.

O Apoio que o Disléxico Precisa

“A criança com dislexia precisa de uma pessoa persistente e encorajadora, alguém que lhe dê apoio e o defenda inflexivelmente; que atue como incentivador quando as coisas não estão indo bem; que seja seu amigo e confidente quando os outros fazem chacota e o deixam envergonhado; um defensor que, por ações e comentários, expresse otimismo para o futuro.” (Shaywitz, 2006).  Essa pessoa exerce um papel fundamental na vida de um disléxico, agindo praticamente como um motivador pessoal, resgatando-lhe a autoestima, destacando-lhe os talentos e dons natos que ficam de lado quando o assunto é aprendizagem escolar.

Em contrapartida, quando vejo a (in)formação conseguindo transpor todos os muros e barreiras que permeiam o espaço escolar, e as adaptações necessárias para favorecer o desenvolvimento da criança ou do adolescente disléxico são colocadas em prática, percebo que eles  se sentem  acolhidos e conseguem lidar com as suas dificuldades, desenvolvendo estratégias para  se superarem a cada dia. Acredito que essa realidade só será possível a todos quando escola, família e profissionais que  convivem com os disléxicos estiverem atuando de forma integrada para que, enfim, todos que fazem parte da comunidade escolar compreendam que a Dislexia não é uma doença, desconstruindo de uma vez por todas a conotação equivocada que o tema recebeu.

Seu filho tem dislexia e está precisando de ajuda? Escreva para mim:

Maria Silvana – ABPp 13265

  • Psicopedagoga Clínica – Sinapses
  • Psicopedagoga Clínica – AMEE, Santo Antonio de Posse – SP
  • Professora de Língua Portuguesa

2 Comentários


  1. Olá,meu nome é Michelle
    Tenho 45 anos sou dislexia
    Parei de estudar na 5 série
    Tinha dificuldades na escrita.n verdade ainda tenho troco f pelo v até hj.rs
    Desiste da leitura faz 4 anos devido a criticas do meu marido.
    Na leitura eu preciso ler em voz alta,ler 2 ou mais vezes pra eu entender e Também costumo grifar.
    Matemática sou péssima.
    Tenho muita dificuldade em gravar nomes de pessoas..e sinto que só estou piorando.
    Até hj não tenho diagnóstico.

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    1. Michelle, não conheço nenhum disléxico igual a outro disléxico. Cada um tem suas peculiaridades, seus pontos fracos e fortes. Acredite em você!!! Descubra seu “melhor” caminho na leitura. Ler é mais do que uma atividade pedagógica nos dias atuais; ler é uma necessidade! Volte aos estudos! Há avaliações como o Enceja que permitem ao adulto que não pode concluir seus estudos na idade certa, retomar sua vida acadêmica e concluir seus estudos! Com relação ao diagnóstico, concordo que é um processo burocrático, mas procure um fonoaudiólogo, neurologista ou psiquiatra e conclua seu laudo. O mais importante é você saber quem você é e acreditar em suas potencialidades!!!

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