A Dislexia Continua na Fase Adulta?

A Dislexia Continua na Fase Adulta?

Uma das principais perguntas que adolescentes, jovens e até pais têm sobre dislexia é “A Dislexia Continua na Fase Adulta?”. A resposta é SIM! Se na infância e adolescência, os alunos disléxicos já enfrentam dificuldades no processo de aprendizagem escolar, imagine na fase adulta! Não vou falar que os problemas aumentam, mas continuam sendo desafiadores.

Se acaso o adulto disléxico conseguiu um acompanhamento com equipe multidisciplinar na sua infância, certamente terá compensado muitas das inabilidades como por exemplo, processamento fonológico, déficit de atenção, organização e disciplina nos estudos, entre outros. Em contrapartida, aqueles que não tiveram essa oportunidade, continuam driblando esses déficits e tentando “se ajeitar” com seus compromissos, seus estudos e até mesmo se organizando nas atividades de vida diária.

Dislexia Continua na Fase Adulta: Maiores Dificuldades

Em redes sociais e até nas terapias, são muito comuns de se lerem e de se ouvirem relatos de alguns adultos sobre perdas de compromissos por se esquecerem do horário e até mesmo das datas agendadas; mais tentativas para conseguir tirar a carta de habilitação devido às dificuldades em lateralidade e orientação espacial; esquecer ou trocar nomes de pessoas e até mesmo trocar palavras de pronúncias ou semânticas semelhantes; necessitar de muitas repetições para memorizar conteúdos e até mesmo itinerários e percursos; perder documentos e objetos de muita importância (dentre eles cartão de crédito, chaves, trabalhos, provas).

Apresentar uma dificuldade imensa no uso da forma padrão da Língua Portuguesa com suas infinitas conjugações verbais, seus “esses” e “erres” (mesmo para aqueles que amam a leitura); ler, compreender e produzir textos com resultados muito inferiores aos que são capazes de fazer na oralidade; dificuldade e receio de se expressarem ou por timidez ou por medo de trocarem alguma palavra sem nenhuma relação com o contexto, enfim, são muitos os desabafos daqueles que convivem com a dislexia na fase adulta. O pior de tudo é que essas dificuldades podem intensificar a baixa autoestima, a depressão a ansiedade, entre outros sentimentos que os colocam cada vez mais desmotivados a prosseguir. Digo que é uma luta diária! Como afirma uma linda adolescente a cada encontro nas sessões psicopedagógicas “Maria Silvana, um dia de cada vez!”

Quando chegam à fase dos vestibulares, parece que tudo fica pior!!! O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) já vem adaptando suas provas para que os candidatos que apresentam essa patologia, consigam bons resultados como, por exemplo, um leitor, um escriba para redação e transcrição de respostas, um tempo extra, enfim. No entanto, os demais processos como vestibulares, concursos, vestibulinhos, avaliações para ingresso em mestrado e doutorado, continuam (em sua maioria) com as mesmas exigências e suas demandas vão requerer do estudante com dislexia, maior dedicação e organização, além de terem de lidar com um de seus piores inimigos, O TEMPO. Alguns desenvolvem estratégias metacognitivas, ou seja, estratégias de compensação das inabilidades para que possam estudar os conteúdos exigidos. No entanto, avaliações que lhes demandarem “decorar” conteúdos, sempre vão apresentam maiores prejuízos.

Estabilidade no Mercado de Trabalho e nos Relacionamentos

Entender que a Dislexia Continua na Fase Adulta, é necessário ter clareza que o mercado de trabalho, muitas vezes, é cruel com o disléxico. Alguns buscam serviços autônomos, por não conseguirem corresponder às exigências que esta ou aquela empresa determina. Como sabemos, uma grande parte dos disléxicos tem dificuldade em processar e executar tarefas e serviços com a mesma agilidade do que aquele que não apresenta o transtorno e, (Ressalto que isso não é regra! Há disléxicos que desenvolvem uma agilidade no pensar que os fazem sobressair em relação aos demais) em pouco tempo, são dispensados pela empresa.

Me lembro de um relato em uma conversa informal com uma jovem sobre experiências com seus ex-namorados. Ela se perdia no horário de compromissos; nas datas especiais como aniversário de namoro ou do próprio namorado; deixava-o falando “sozinho” por alguns minutos perdida em seus pensamentos… contou, em gargalhadas, uma situação em que levou um dos namorados para casa pela primeira vez para que os pais dela o conhecessem e o resultado foi, no mínimo, inesperado: ela foi para o quarto dela e se esqueceu do jovem, SOZINHO na sala com os pais. Depois de tantas confusões e rompimento de relacionamentos devido a esses e a outros equívocos, buscou ajuda (a pedido do atual noivo que achava que havia alguma coisa de errado com aqueles “esquecimentos”) e hoje tem uma vida um pouco mais tranquila com apoio dos terapeutas e do noivo, os quais lhe ajudam a se entender e a buscar uma melhor qualidade de vida.

Uma Questão de Escolha

Digo que o disléxico adulto precisa encontrar seu jeito disléxico de ser e, para isto muitas vezes, vai necessitar da ajuda de profissionais que possam auxiliá-lo a otimizar suas atitudes seja no trabalho, nas suas relações afetivas, no contexto familiar e em sua vida acadêmica. Aquele que consegue, o quanto antes, descobrir seus pontos fracos e aprimorá-los e, mais ainda, seus pontos fortes e potencializá-los, terá uma vida muito melhor. Como diz a colega, professora, psicopedagoga e coordenadora da AEE do município onde mora, Andréa Regina que também apresenta dislexia “há dois caminhos para os disléxicos: um é se fazer de coitadinho e falar ‘não consigo’ e ‘não vou tentar’ OU estudar, estudar, tentar, tentar, quantas vezes forem necessárias e olhar para aquilo que você não fazia antes e agora já consegue fazer”.

Seu filho tem dislexia e está precisando de ajuda? Escreva para mim:

Maria Silvana – ABPp 13265

  • Psicopedagoga Clínica – Sinapses
  • Psicopedagoga Clínica – AMEE, Santo Antonio de Posse – SP
  • Professora de Língua Portuguesa

3 Comentários


  1. Pippo vc está de parabéns seu trabalho está de altíssimo nível.
    Os textos, imagens e produtos de qualidade.
    Fico muito feliz em ver tantas novidades.
    Minha filha é sua fã e eu também.
    Abraços

    Responder

  2. Maria do Carmo B. Cavalcante
    Oi pippo lhe desejo uma otina tarde, eu fico muito feliz de receber seus artigos, você foi a ponte para a descoberta do meu transtorno de TEDA, na minha primeira pesquisa descobri o disxclub, onde assisti mutas palestras suas, eu achava que era só dislexia, mas me deparei também com o TEDA. Descobri aos 61, anos de idade, estou a 12 anos tentando a faculdade de psicologia.

    Responder

  3. Olá, gostaria do contato da Dra Maria Silvia. Tenho 43 anos e nunca fiz diagnóstico da dislexia, mas tenho todas as dificuldades desde criança. Me encontrei com os artigos e dicas. Muito obrigada.

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *