O que fazer Quando a Escola não dá Apoio?

O que fazer Quando a Escola não dá Apoio?

“A escola não dá apoio!” é sem dúvida a maior reclamação que os pais fazem aqui no DislexClub. É fundamental que o disléxico tenha apoio da escola e dos pais! O apoio somente de um ou de outro não surtirá o efeito desejado.

Os pais, ao receberem o diagnóstico de dislexia e/ou TDAH (Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) do filho, devem procurar a coordenação pedagógica e/ou educacional da escola para que a mesma oriente os professores quanto à conduta a ser tomada em sala de aula, no que diz respeito às avaliações que deverão ser feitas com a criança.

Quesitos que devem ser observados

  1. As provas e os textos distribuídos devem ser escritos, no mínimo com fonte 12 e espaçamento 1,5 cm ou duplo, para facilitar a leitura do disléxico.
  2. Aumentar o tempo de prova do aluno disléxico em pelo menos 30 minutos.
  3. Nos casos de dislexia grave, um professor auxiliar poderá ler as questões para o aluno ou ainda a prova poderá ser feita oralmente.

De posse destas orientações, a escola não poderá se recusar a dar tratamento diferenciado para o aluno disléxico com ou sem TDAH.

Se, ainda assim, a escola não der a devida atenção ao aluno disléxico, caros pais, não hesitem em mudar seu filho de escola. A escola pode ser avaliada nos três primeiros meses de aula do período letivo.

Coloco aqui minha experiência como mãe de disléxico e como professora.

Experiência com as escolas do meu filho

Quando o Pippo (meu filho) estava com 6 anos e cursando na época o pré-primário e como ele se recusava a aprender a ler e escrever, a escola sugeriu que ele repetisse o ano pois assim ele estaria mais “maduro” para cursar mais tarde, o ensino fundamental.

Bom, solução prática e extremamente lucrativa para a escola, mas, não para o meu bolso!!!! Jogar pela janela 12 X R$ 1200,00 = R$ 14.400,00, (fazendo uma conta básica, sem contar material escolar, fantasias para festas específicas, passeios, presente do dia das mães, presente do dia dos pais e como a escola pede coisas extras!) ainda não estava louca o suficiente para torrar este dinheiro!

Bem, meu filho jogava xadrez e muito bem, mas ser alfabetizado não era o que ele queria. Como mãe, disse para a escola que não faria essa bobagem e ele deveria ir para a 1ª. série do EF I e assunto encerrado.

A escola não tomou nenhuma providência e aí o matriculei em um colégio alemão.

No início foi uma maravilha, visto que eles não alfabetizavam as crianças com 6 anos, nem em português e nem em alemão.

Meu calvário começou na 1ª. série, onde já havia provas e trabalhos e muita lição de casa para ser feita. Muita cópia da lousa para o caderno….. e o disléxico….. bem vocês já sabem o que acontece!

A professora era boa e atenciosa, mas a coordenação…. não entendia que havia algo de diferente no Pippo. Passou-se a 1ª. série, ele entrou na 2ª. série com uma professora que não possuía a paciência como uma virtude! Passou raspando para a 3ª. série.

Se a professora da 2ª. série não tinha muita paciência, a da 3ª. série era o suprassumo da sabedoria não admitindo que fosse contestado seu plano de aula ou sua conduta com os alunos. Detalhe: o Pippo era melhor aluno em alemão do que em Português…. aí eu já estava enlouquecida!

Mais uma vez, mudei meu filho de escola no início da 3ª. série, pois após uma semana de provas e muita tensão vi que meu filho seria reprovado, ou eu perderia a compostura com aquela que se dizia professora com 17 anos de experiência no magistério….. santa ignorância!

O Pippo saiu de um colégio tradicional alemão e foi para um colégio menor com 12 ou 15 alunos na sala de aula. Aí eu pensei: acho que agora dará certo. Ledo engano!

Aquele ano foi relativamente tranquilo, embora o Pippo não tivesse muitos amigos, ou melhor, nenhum amigo. Ele ainda sentia muita falta do colégio alemão onde ele amava os colegas da sala de aula e detestava os professores.

Um ano e meio depois e muito stress com uma professora de matemática de difícil convívio, tive o primeiro insight que o Pippo teria TDAH dado pela dona da escola pois a sua neta portava este transtorno. Ótimo, neste ponto obtive um diagnóstico!

Como a escola atual, embora tenha acenado com um diagnóstico objetivo e após consultar vários neurologistas, o diagnóstico de Dislexia e TDAH foi a peça que faltava no quebra-cabeça da aprendizagem do meu filho!

A neta da dona da escola possuía o mesmo diagnóstico mas os professores….. tão incapacitados como os anteriores. Neste ponto e de posse de vários laudos: fonoaudióloga, psicóloga, neurologista e ainda os professores de reforço, levei meu filho para o Mackenzie onde ele terminou a ensino Fundamental I, Fundamental II e o Ensino Médio. Participei de TODAS as reuniões de pais e mestres e conversei com absolutamente todos os professores a cada trimestre. Encontro ainda hoje com os professores do Pippo e eles tecem os maiores elogios à conduta dele na sala de aula. Eu sempre lhe dizia: “filho, respeite seus professores, afinal sua mãe é um deles!”

Resultado da minha perseverança e da vontade do meu filho: formou-se o ano passado em Publicidade e Propaganda, com 21 anos de idade sem ter repetido nenhum ano escolar ou disciplina na faculdade. (Ainda bem que não dei ouvidos aos especialistas que no passado me disseram para reprovar o menino!!!)

No início de 2016 ele e o seu grupo foram premiados como o melhor TCC na Área de Criação do Mackenzie e em seguida participaram na cidade de Salto –SP da Expocom (Congresso de Comunicação).

Recado aos pais e mães: PERSEVEREM!. E tenham bom senso acima de tudo!

Filho dá trabalho? Dá e muito! Mas não desista dele em momento algum!

Considerações Finais

Saiba que o disléxico não é incapaz, é somente um aluno diferente que requer um outro olhar na condução do processo de ensino e aprendizagem. Em momento algum o aluno disléxico deve ser tratado como incapaz pelos pais, amigos, parentes ou pela escola. Ele é criativo e deve ser tratado como qualquer aluno dito “normal”.

4 Comentários


  1. Olá! Gosto muito da página, acompanho todas as publicações! Ajuda muuuito . Vi em seu comentário, uma coisa q me chamou a atenção , sobre a dificuldade do disléxico copiar a lousa . Gostaria de saber mais sobre isso! Pois meu filho não copia muito e a escola, mesmo sabendo do diagnóstico exige q ele copie a matéria da lida. Como se o não copiar fosse opção dele!
    Um abraço
    Abiana

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  2. Olá! Gostaria de saber dicas para lidar com alunos dislexicos no ensino superior. Como podemos ajudá-los. Em especial nas avaliçoes (provas).

    Obrigada

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  3. Olá, a escola sugeriu que voltasse ele para o 1 °ano e não ficasse no 2° Que já estava, como mãe preocupada aceitei, ele está super bem, ele está matriculado no 2 ano mas faz o 1 ano, eles falaram que vão reproreprova-lo como se tivesse no 2 mas na verdade ele estará indo para o 2 ano, fiz errado ter aceitado isso? Eu tb perdi 1 ano de grana fazendo isso, mas achei que seria bom pra ele, já que mudei para essa escola e eles falaram que só podiam ajudar se ele voltasse um ano. E que as crianças do 2 ano há já sabiam ler e escrever e ele não. Obrigada Vanessa

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  4. Olá
    Eu e minha irmã estamos tendo muitas dificuldades com a escola do meu sobrinho. O diagnostico dele ainda não está fechado e já corre a algum tempo, e a nossa maior preocupação é com relação a escola ignorar a dislexia apontada pela fono e focar apenas no tdah a ponto de pressionar a minha irmã com ameaça de desligamento da sala multifuncional e acusação de abandono intelectual por conta da ritalina (minha irmã deu por um mês e não resolveu nada na escola além de ter causado muito efeito colateral como dor de cabeça e no corpo, perda de apetite e agitação no sono) ela decidiu esperar para falar com o neuro antes de dar continuidade ou encerrar a mediecalização e apostou em outros recursos como acompanhamento com uma psicopedagoga e vai tentar a psicologa. Mas a escola acusa ela de negligenciar e não fazem nada com relação a ele. O Felipe é bom em continhas, joga xadrez, consegue me contar um filme todo, e é bastante esforçado mas não sabe ler, não fixa as informações sobre as letras e os sons, uma das professoras lavou as mãos e disse que sem a ritalina ele não vai apreender enquanto a outra disse pra minha irmã que a dislexia é muito evidente pq oralmente ele vai muito bem, é um aluno prestativo e sabe o conteúdo. Sem o apoio da escola e sob pressão estamos em um inferno astral neste último ano. Não sei o que fazer, em quem acreditar apenas sigo o instinto de mãe da minha irmã e ela se segura no pouco que eu consigo buscar (ela tbm tem dificuldades de leitura de forma que eu quem lê os relatórios para ela incluindo a ata da escola que vou ter que ver na sexta) obrigada a quem tiver a paciência de ler esse desabafo

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